O projeto de implantação do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS) na Unicamp e áreas vizinhas deverá seguir para a equipe de transição como um programa a ser considerado prioritário no novo governo do Estado de São Paulo, que começa agora em janeiro de 2023.
A afirmação foi feita nesta quarta-feira (21) pelo professor Anderson Correia – reitor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e líder do grupo de transição do novo governo para a temática de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. “Vamos colocar o HIDS no relatório final. E levar para a equipe de transição com a motivação para que seja avaliado de forma prioritária”, afirmou o reitor do ITA, ao final da reunião de quase três horas que manteve com o reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, pró-reitores e com integrantes da administração central da Universidade.
A secretária de Desenvolvimento Econômico de Campinas, Adriana Flosi – que integra a equipe da transição estadual nesse setor e que também participou da reunião –, disse estar convencida da importância da consolidação do HIDS.
“Eu vou recomendar como uma proposta de investimentos para os primeiros cem dias de governo”, disse ela. “O projeto está totalmente maduro, já tem um plano diretor e o governo municipal tem feito esforços para tratar a questão da nova lei de zoneamento da área”, acrescentou a secretária.
“Isso faz com que se tenham uma união de forças e um ambiente propício para que o governo do Estado possa anunciar o programa como uma coisa que tenha, de fato, a possibilidade consistente de se consolidar”, concluiu a secretária.
A área de planejamento do Hub envolve os campi da Unicamp (incluindo a Fazenda Argentina, com 1,4 milhão de m2, contígua ao campus da Universidade, no Distrito de Barão Geraldo), da PUC-Campinas e da Facamp. Além dessas áreas, faz parte do projeto todo o território do Ciatec II – Polo de Alta Tecnologia com 8,8 milhões de metros quadrados, totalizando 11,3 milhões de m2.
O Hub está sendo concebido para atuar como um complexo de laboratórios vivos, com a intenção de se tornar um modelo internacional de distrito inteligente e sustentável.
Políticas públicas para C&T
Além do HIDS, o grupo discutiu políticas públicas para o setor de Ciência e Tecnologia e deu sugestões sobre aquelas que poderiam ser incorporadas pelo novo governo. Uma das sugestões é a construção, pelo governo do Estado, dos acessos à região definida para a instalação do HIDS. Além disso, o grupo da Unicamp sugeriu a instalação de um hospital regional – que poderia ser construído dentro da área do HIDS – e a adoção de programas estaduais de permanência estudantil.
A Unicamp propôs ainda a participação das universidades públicas estaduais na construção e implementação de uma política pública para a educação básica e pediu a manutenção de regras que garantam a autonomia orçamentária das universidades estaduais paulistas. Neste último aspecto, o reitor sugeriu que a base de incidência da quota-parte das universidades estaduais fosse similar à da Fapesp e que essa autonomia universitária se transformasse em lei estadual. “A reunião foi muito produtiva. O reitor [Meirelles] trouxe informações valiosas, bastante detalhadas e que serão muito importantes para a equipe de transição”, disse Anderson Correia.
“A Unicamp tem grandes projetos, que têm interação com todas as secretarias do governo do Estado de São Paulo. Tenho certeza de que o relatório que vamos levar às mãos do novo governador de São Paulo, por meio da equipe de transição, vai acelerar o desenvolvimento dos projetos”, acrescentou Correia. “Tenho também certeza de que o governo de São Paulo pode contribuir, e muito, com os projetos desenvolvidos pela Unicamp, todos eles com forte impacto social. Essa visita facilitou muito o trabalho (da equipe de transição) e gerou uma boa expectativa. A gente vai fazer um relatório muito positivo para apoiar os projetos em desenvolvimento na Universidade”, finalizou Correia.
Programas de inclusão
O reitor da Unicamp disse ter ficado muito otimista com a reunião. “A gente quer uma universidade que, cada vez mais, se abra para a interação. Nós nos interessamos muito pela possibilidade de sermos parceiros em ações que resolvam os problemas do Estado e colaborem para resolver problemas do país”, disse Meirelles. O reitor afirmou que uma das questões mais urgentes para as três universidades estaduais paulistas tem sido os programas de inclusão. Lembrou que esses programas estão mudando o perfil do estudante universitário no Brasil, mas advertiu que eles exigem políticas robustas de permanência e que isso tem exercido forte pressão no orçamento das instituições.
Para o ano que vem, por exemplo, a Unicamp prevê investimentos de R$ 112 milhões em programas de assistência estudantil. Em 2022, foram R$ 101 milhões. “Nos contatos que tenho tido com deputados ou mesmo com representantes dos governos estadual e federal, eu sempre sugiro que seja dada atenção para os programas de permanência”, diz Meirelles.
O reitor lembrou que esses programas poderiam ser executados pelas universidades em conjunto com o governo do Estado. “A Unicamp, por exemplo, tem 26 licenciaturas, em diversas áreas – outras tantas são oferecidas pela USP e Unesp. Eu fico imaginando se não seria possível a realização de um grande programa estadual de permanência estudantil associado, por exemplo, às pessoas dos cursos de licenciatura, de forma que a contrapartida fosse o aluno ir para as escolas e ajudar na melhoria da qualidade do ensino. Você combinaria duas ações para solucionar problemas que temos: a necessidade de melhoria no ensino público e a questão da permanência do estudante na Universidade”, explica. Essa sugestão foi encaminhada pela Unicamp à equipe de transição do governo do Estado.
Originalmente publica no Portal da Unicamp