O ano de 2022 foi importante para consolidar as bases do projeto do HIDS (Hub Internacional para Desenvolvimento Sustentável). Esta é a avaliação do reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, sobre o projeto. Segundo ele, houve uma aproximação significativa das instituições engajadas que já participam do HIDS, e a proposta de master plan elaborada pelo KRIHS tem sido capaz de alinhavar interesses comuns, especialmente entre as instituições do Conselho Consultivo Fundador do HIDS, que congrega 14 entidades já presentes no território do HIDS. O KRIHS, ou Korean Research Institute for Human Settlement, foi contratado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para elaborar um plano de ocupação para o território do HIDS. A proposta foi entregue no mês de setembro, após a visita à Coreia de um grupo composto por integrantes das equipes da Prefeitura de Campinas, da Unicamp e da PUC-Campinas para discutir o projeto e conhecer a experiência coreana na criação de parques tecnológicos e cidades inteligentes.
“A proposta do KRIHS também dialoga com o que temos feito na Universidade e com nossos investimentos em projetos de transição energética, bioenergia, agricultura sustentável e na área de saúde. O HIDS deve ajudar a consolidar, agregar e expandir essas iniciativas no território da Fazenda Argentina”, acredita Meirelles. Segundo ele, esse será o foco do projeto do HIDS em 2023. Finalizado o convênio com o BID, as iniciativas relacionadas ao Hub serão conduzidas pela equipe da “Coordenação de implantação do HIDS Unicamp” (Resolução nº 23/2022), cuja formalização é o primeiro passo na criação de uma estrutura institucional estável exclusivamente dedicada ao HIDS. “A criação da Coordenação foi motivada pela necessidade de disseminar na Universidade um olhar para o futuro. O HIDS faz parte disso”, disse o reitor.
Entre os objetivos da Coordenação, estão: delinear um plano de ocupação do HIDS na Unicamp no espaço da antiga Fazenda Argentina, avaliar a aderência dos projetos a serem implantados com os princípios de sustentabilidade e prospectar parcerias que auxiliem na implantação do projeto. A nova comissão é coordenada pelo professor do Instituto de Economia e atual coordenador do projeto do HIDS na Unicamp, Mariano Laplane.
Além dele, compõem a equipe Marcelo Cunha, coordenador do componente de avaliação de sustentabilidade do HIDS; Gabriela Celani, coordenadora do componente do projeto físico-espacial do HIDS; Miguel Bacic, coordenador do componente do modelo de negócios do HIDS; Thalita Dalbelo, coordenadora de sustentabilidade da Unicamp, área ligada do Escritório Campus Sustentável; Wesley Silva, coordenador do componente do Patrimônio do HIDS; Eduardo Gurgel, diretor do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, ligado à Inova Unicamp; Adriana Nunes, chefe adjunta de Gabinete da Unicamp e Sônia Regina da Cal Seixas, professora do Nepam e presidente da Comissão Assessora de Mudança Ecológica e Justiça Ambiental (Cameja), ligada à Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH).
Um dos desafios da Coordenação é estabelecer um conjunto de princípios para o HIDS no âmbito da Unicamp e disseminá-los para toda a comunidade, a fim de engajar pesquisadores, professores, alunos e funcionários em projetos que poderão ser desenvolvidos na Fazenda Argentina, que representa quase 60% do total do território do HIDS. De acordo com Laplane, a equipe já trabalha na elaboração de princípios para o HIDS Unicamp. “Esperamos estabelecer uma espécie de plataforma para recolher contribuições da comunidade”, afirmou.
Um exemplo é o projeto-piloto de uma usina fotovoltaica associada à produção de hidrogênio verde, em parceria com o projeto Campus Sustentável. Também estão sendo feitos estudos para a criação de um sistema de monitoramento da biodiversidade do HIDS, com apoio da Embrapa e do CPQD. No próximo ano também terão início as primeiras ações do projeto estratégico dos corredores ecológicos que irão restabelecer e conectar remanescentes de mata nativa na região da Fazenda Argentina, área de 1,4 milhão de metros quadrados adquirida pela Unicamp em 2014. A conexão entre os fragmentos de mata deverá permitir a troca gênica das espécies de fauna e flora.
O plano também contempla a conexão e recuperação de nascentes de água. A previsão é que, em cinco anos, sejam criados 217.000m² de corredores ecológicos, 300.000m² de área de plantio, 92 metros de passadores de fauna e 6.500 metros de cercamentos de corredores. “Optamos por iniciar as ações do HIDS Unicamp por esse projeto de recuperação ambiental. Ele é simbólico no sentido de mostrar que queremos conciliar desenvolvimento, inovação e sustentabilidade”, destacou Meirelles. O reitor acredita que esta iniciativa pode incentivar outras instituições da área do HIDS a criarem projetos semelhantes. Esta será uma das pautas da última reunião do Conselho do HIDS do ano, que acontece hoje, no CPQD.
A expectativa é que o HIDS consolide uma tradição da Unicamp em pesquisas em inovação e sustentabilidade, mas em um patamar superior, em uma ação compartilhada com empresas de portes variados e entes públicos. “Esse é um dos caminhos para que essa agenda penetre ainda mais na sociedade e gere exemplos de possibilidades de desenvolvimento sustentável, seja no espaço da Unicamp, seja no espaço do HIDS como um todo”, finalizou Meirelles.
História
Em março de 2020, a Unicamp, a Prefeitura de Campinas e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) assinaram um convênio para alavancar o projeto de criar em Campinas um HIDS. Pelos termos do acordo, o BID investiu US$ 1 milhão a fundo perdido em estudos e consultorias que apoiaram a elaboração de um master plan para a área do Hub, um total de 11 milhões de metros quadrados. Em setembro deste ano, após duas visitas ao Brasil e de uma missão brasileira à Coreia, o KRIHS, instituto coreano contratado pelo Banco para elaborar o plano diretor, entregou uma proposta de master plan e de uma estratégia de implementação do Hub, a partir de um plano de desenvolvimento em fases, de investimento e do papel de cada uma das partes interessadas.
Por meio das diretrizes de distribuição do uso do solo, mobilidade, redes, corredores verdes e de tipos de atividades, espera-se aumentar a área construída e as densidades residenciais para suportar o investimento em corredores de transporte público, promover o desenvolvimento e atividades de uso misto, preservar e abrir espaços naturais e desenvolver uma estratégia de transporte urbano sustentável baseado em alternativas não motorizadas, como bicicletas.
Parte das sugestões do KRIHS foram incorporadas no texto da nova Lei de Uso e Ocupação do Solo elaborada pela Prefeitura de Campinas para a área do PIDS (Polo Internacional de Desenvolvimento Sustentável), da qual o HIDS Unicamp faz parte. O projeto será apresentado em audiências públicas agendadas para janeiro de 2023.
Originalmente publica no Portal da Unicamp